Fonte: Fiesc
Primeiramente, uma das combinações mais promissoras da atualidade é a que associa o desejo de reindustrialização de países (tema abordado na reportagem anterior) com a necessidade de descarbonização para mitigação dos efeitos do aquecimento global. O Brasil assumiu compromisso junto à Organização das Nações Unidas de zerar suas emissões líquidas até 2050.
“A principal transformação econômica após a Revolução Industrial é justamente a transição para a economia de carbono zero”, afirmou Elizabeth Reynolds, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos Estados Unidos.
Uma mudança dessa magnitude abre janelas para o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços diferenciados e cadeias produtivas inteiras. Em outras palavras, é uma gigantesca oportunidade de negócios.
Não é à toa que a transição para a economia verde é a espinha dorsal do chamado Plano Biden. Ou a nova política industrial dos Estados Unidos. A iniciativa prevê investimentos ou descontos de impostos de pelo menos US$ 400 bilhões em 10 anos (pode chegar a US$ 800 bilhões). Por isso, para a geração de energia limpa, captura de carbono, produção de painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e muito mais.
Transição energética
A União Europeia, na mesma toada, aumentou os benefícios e incentivos para empresas de energia limpa se desenvolverem no continente. Os esforços de países asiáticos como a China também são notáveis. No Brasil ainda se aguarda o desenho concreto de uma política de incentivos à economia verde, no contexto de uma nova política industrial. “A transição energética é uma enorme possibilidade para o desenvolvimento da indústria brasileira. Desde que haja coordenação de estratégias empresariais com agendas de políticas públicas”. Diz Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). E presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No Plano de Retomada da Indústria proposto pela CNI, uma das missões a que deve se dedicar o País nos próximos anos é a descarbonização. Para o seu cumprimento é necessário na visão da entidade, quatro programas: energias renováveis; mercado de carbono; economia circular; conservação florestal e bioeconomia.
Compromissos DO BRASIL 2025
Compromissos DO BRASIL 2025: Atingir 37% de redução de gases do EFEITO ESTUFA 2030 REDUÇÃO de 50% 2050. Atingir a NEUTRALIDADE CLIMÁTICA Obs.: Junto ao Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
Políticas públicas e programas voltados a temas como esses é que deverão surgir grandes oportunidades para a indústria na direção da chamada economia verde. Estima-se no mercado que algo como R$ 50 trilhões em recursos hoje disponíveis no mundo. Sendo assim, se tornarão investimentos realizados de acordo com critérios e cláusulas ambientais. Parte desses recursos pode vir para o Brasil em projetos, por exemplo, de produção de hidrogênio verde. O Boston Consulting Group estima que entre 2025 e 2050 empresas deverão destinar de US$ 6 trilhões a US$ 12 trilhões. Em produção e transporte de hidrogênio.
Em junho a presidente da União Europeia, Ursula Leyen, anunciou que o bloco investirá 2 bilhões de euros para estimular a produção de hidrogênio verde no Brasil. O combustível poderá ser consumido na Europa, que vive uma crise energética.
A corrida planetária pela descarbonização
“A corrida planetária pela Descarbonização é uma nova base para ancorar o avanço nacional”, diz Paulo Hartung. Ele é presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Associação que reúne indústrias de base florestal (leia artigo de Hartung na p. 66). Dessa forma, as vantagens comparativas do Brasil nesta frente são conhecidas, pois detém 12% da água doce do planeta, 20% da biodiversidade e tem 60%. Energias renováveis correspondem a 45% da matriz brasileira, mais que o triplo da média mundial. O desafio é transformar as vantagens comparativas em diferencial competitivo.
Dessa forma, o mercado de crédito de carbono, crucial para o desenvolvimento do setor, sequer está regulamentado no Brasil. Diversas iniciativas já estão rodando. Independentemente da formalização de uma política setorial e de sinais contraditórios emitidos pelo Governo em áreas como exploração de petróleo e incentivo à produção de veículos a combustão. Por isso, a descarbonização tem ganhado relevância e recebido importantes investimentos na indústria.
A redução de emissões de carbono representa uma oportunidade econômica que, muitas vezes, garante o acesso a financiamentos de programas e projetos”. Afirma Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC.